O Racismo estrutural

Hêndrica Carvalho
4 min readMay 28, 2019

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O Brasil possui a maior população negra fora da África, e comparando aos países o Brasil é o segundo com maior número de negros, ficando atrás somente da Nigéria.

Entretanto, partindo para as estatísticas de escolaridade, no ensino fundamental os negros não chegam a 12% do total de alunos, e ao chegarem no ensino médio a porcentagem fica em torno de 45%. Os jovens negros que entram na faculdade são um total de 12,9%.

Será que há uma segregação que decorre desde os primeiros anos na educação escolar? Fica o questionamento.

Essas estatísticas divulgadas pelo IBGE mostram que a desigualdade se origina no começo na vida escolar das crianças negras e vai até fase que o jovem ingressa na faculdade seja ela pública ou privada.

Essas pesquisas só demonstram que o nosso país está longe de se tornar uma democracia racial.

Chegando ao campo profissional, os negros têm menores salários e sofrem mais com o desemprego.

Na mídia não é diferente, a representatividade negra quase não existe, são poucos os atores e atrizes negras, com os jornalistas então, o número é menor e dá para contar nos dedos os que são reconhecidos. Quanto a apresentadores negros que comandam um programa, esse número simplesmente inexiste. Eventualmente, acontecem revezamentos mas um negro fixo apresentando não existe aqui no Brasil.

Segundo pesquisas do IBGE, 98% dos brasileiros não se acham racistas, mas 99% dos entrevistado conhecem alguém racista. Há uma contradição nessa pesquisa porque dessa forma as contas não fecham. Se a 98% se dizem não racistas, como pode 99% dessas pessoas conhecerem alguém racista? A contradição nesse discurso na realidade é uma falta de crítica da pessoa branca, que não se inclui em práticas que possam estimular a acabar com a desigualdade racial. Esse indivíduo na verdade nem cogita o fato de que pode ser ou é racista. E então, o Brasil é um país racista? Esse é outro questionamento importante.

O racismo no Brasil é algo muito frequente que acontece no dia a dia. Seja na rua, na escola, nas faculdades ou em uma simples entrevista de emprego. Como mostram os indicadores socioeconômicos da população preta e parda que costumam ser bem mais desvantajosos como os números do começo da reportagem.

Fonte IBGE
Foto: Youtube

Segundo o professor e youtuber, Marcelo Moraes, o estado brasileiro não é um país racista, pois as oportunidades oferecidas pelo estado são iguais para todos, ainda passados por políticas que favorecem acesso facilitado a alguns grupos sociais. O professor avalia que cada área tem um perfil profissional étnico que se adéqua mais.

Racismo no esporte

Quem comete racismo não tem vergonha ou medo de que o ato chegue a justiça, porque sabem que a punição para esse crime muitas vezes é falha. Márcio Chagas, ex-árbitro de futebol, que hoje é comentarista esportivo da RBS TV, já foi alvo de ataques racistas dentro e fora dos campos de futebol. Nessa entrevista falamos do racismo e sobre um ataque que ocorreu quando Márcio ainda era árbitro.

O ambiente de trabalho e os negros

O número de jovens negros universitários dobrou nos últimos anos já com as ações afirmativas. Isso mostra que as coisas estão mudando essas ações vieram não para separar mas sim, para integrar ainda mais o negro nas universidades. As mudanças só ainda não chegaram quando se referem as profissões, quanto maior o cargo menor é a presença de pessoas negras.

Além disso, mulheres negras recebem 59% menos que homens brancos na mesma função e não chegam a 5% nos cargos administrativos.

Isso é reflexo de um racismo velado de uma segregação que existe até hoje.

Em entrevista a jornalista, Jennifer Dutra, que trabalha na editoria de fotos do Globo Esporte.

Edição: Hêndrica Carvalho

Em entrevista a um Blog dois especialistas falam se existe uma forma de acabar com o racismo.

A pós- doutoranda em filosofia africana, Aza Njeri, falou sobre o assunto e se um dia ainda conseguiremos resolver essa grande questão que assola o Brasil. “Acredito que uma coisa é importante para o fim do racismo: precisamos discutir privilégios e branquitude. As pessoas precisam compreender o lugar que foi posto aos pretos, de forma sistemática. E para que isso tenha eficácia, voltamos à velha fórmula educação, justiça, equidade, compaixão, altruísmo e empatia”.

Já o dr. Juarez Xavier, da Unesp, também em entrevista ao mesmo blog. “Diz que o fim do racismo passa pelo desmonte do mecanismo repressivo e o ideológico do Estado brasileiro. O racismo vai acabar, quando a gente acabar com esse Estado de coisa que reproduz um processo perverso de massacre, execução, genocídio e extermínio da população negra com uma máquina ideológica justificadora desse massacre.”

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